A vida de Mathias poderia ter sido muito diferente
Localização é tudo. Para muitas pessoas que vivem na Cordilheira dos Andes, quanto mais alto na montanha uma família vive, menos recursos ela tem. Mas as famílias que têm mais dificuldade são as que vivem no alto da montanha, que precisam descer escadas íngremes, frágeis e sem corrimão. José e Yesica, de Medellín, na Colômbia, vivem na encosta da montanha, no fim de 170 degraus, cada um cheio de cães, sacos de terra e detritos.
A casa deles é pequena — apenas alguns quartos de tijolos, quentes como um forno à luz do sol. Cada um iluminado por uma única lâmpada. Não há cozinha, apenas uma geladeira e chamas elétricas. Mas eles mesmos construíram sua casa, que está cheia de amor.
Amor é a única coisa que essa família tem em abundância, e é por isso que, quando Yesica soube que estava grávida, sentiu uma alegria tão pura que até mesmo o pensamento de ter que enfrentar esses 170 degraus todos os dias durante a gravidez não poderia desanimá-la.
Quando Yesica e José viram o filho Mathias pela primeira vez, os desafios de sua vida anterior de repente pareceram insignificantes. Ele tinha uma fissura, algo que nenhum dos pais jamais tinha visto ou ouvido falar antes. Felizmente, antes que eles entrassem em pânico os médicos lhes deram ótimas notícias: graças a uma organização chamada Smile Train, seu bebê receberia todos os cuidados de fissura necessários de forma gratuita, e a apenas algumas quadras de distância, na Clinicas Noel, um dos hospitais mais antigos e respeitados de toda a Colômbia.
Eles partiram o mais rápido possível. Uma vez na Clinicas Noel, a equipe não perdeu tempo e começou a ensinar Yesica a alimentar seu filho — bebês com fissuras muitas vezes têm dificuldade em ser amamentados e podem até engasgar com o leite, fazendo com que muitos fiquem desnutridos demais para se submeterem à cirurgia com segurança. A fissura de Mathias era tão grave que a amamentação era impossível.
“Foi extremamente difícil, porque meu sonho era amamentar”, desabafou Yesica. Mas ela superou a decepção e se dedicou a aprender a bombear o leite e usar a garrafa especial que a Clinicas Noel lhe forneceu. Quando seu leite secou, a família economizou cada peso para comprar a fórmula de que Mathias precisava.
O heroísmo dela valeu a pena. Quando chegou a hora da primeira cirurgia de fissura de Mathias, aos quatro meses de idade, ele tinha um peso perfeitamente saudável e nunca sofreu um dia de desnutrição. A equipe da Clinicas Noel vê milagres todos os dias, mas mesmo assim ficou impressionada com o que ela conseguiu.
Alguém com quem conversar
Apesar de Yesica e Jose serem fortes e resilientes, ver um buraco na boca de seu recém-nascido e de repente precisar ajustar todas as suas expectativas em relação à paternidade tem um preço mental. De Michigan a Medellín, quando um bebê nasce com uma fissura, toda a família precisa de alguém com quem conversar.
Isso também acontece aqui; mas a família de Mathias teve sorte, pois na Clinicas Noel essa pessoa com quem conversar é Camila Osorio, responsável por dirigir o programa psicossocial do hospital para famílias afetadas por fissuras. Em uma sociedade na qual persistem rumores e superstições sobre bebês com fissuras e suas famílias, ela trabalha em estreita colaboração com cada paciente e cada família, para ajudá-los a entender a verdade sobre fissuras, porque somente compreendendo o que é (e não é) uma fissura, as famílias podem iniciar o processo de enfrentamento. Ela acompanha as famílias em cada etapa de suas jornadas de tratamento, oferecendo um apoio personalizado e adaptado às necessidades de cada uma — como superar a decepção por não poder amamentar. Os resultados são transformadores.
“Como ninguém jamais teve experiência [com fissuras] em nossa família, no início, foi um pouco difícil, um pouco complicado”, disse José. “Recebemos ajuda dos psicólogos e, graças a Deus, tivemos apoio deles e conseguimos.”
Um cuidado que cresce com cada criança
AÀ medida que Mathias cresceu, seu plano de tratamento cresceu com ele. Atualmente com cinco anos, ele já recebeu duas cirurgias de fissura e atendimentos personalizados de otorrinolaringologia, odontologia e pediatria, além de um amplo apoio psicossocial. Ele agora está fazendo terapia da fala.
Naturalmente as realizações dele são também uma conquista de seus pais. “Yesica me pergunta: ‘Cami, a consulta está marcada para o próximo mês. O que preciso fazer para me preparar para ela?’” comentou Camila. “Ela está sempre super atualizada em relação aos tratamentos, tomando as decisões corretas para o filho.”
An Alternative Timeline
Não precisava ser assim. Sem os doadores da Smile Train e a equipe dedicada da Clinicas Noel, Mathias estaria em alto risco de desnutrição, pois Yesica não teria conseguido acesso ao treinamento e materiais de que precisava para alimentar o filho. Mesmo que Mathias tivesse sobrevivido à infância, crescer com uma fissura não tratada provavelmente o condenaria a uma infância de isolamento, com poucas esperanças de educação, emprego digno ou um discurso compreensível.
E os pais dele são infinitamente gratos. “Agradeço a todos porque, sem vocês, não teríamos conseguido avançar no desenvolvimento do nosso menino. Essas cirurgias são muito importantes, pois existem muitas famílias de baixa renda... bem, eu faço parte de uma delas, mas graças a Deus e a vocês, nós conseguimos avançar e tivemos toda a ajuda possível para o Mathias. Nós nos sentimos muito gratos a todos vocês”, disse Yesica.
Porque pessoas como você acreditam no nosso modelo único de treinamento, equipagem e capacitação de especialistas locais em fissura, Mathias agora está feliz e saudável.
Você pode ajudar outras crianças como Mathias avançar e sorrir. Hoje. Doe Agora.